segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Passou o dia pensativa juntando coragem na saliva até encorpar a voz. Aproveitou o ápice da sua agonia e, num impulso, disse tudo numa sensação só:
“A partir de hoje, decidi gostar de outro”.
No início ele riu da ousadia, mas o silêncio que ela fez em seguida preencheu de sinceridade aquela novidade.
“Você ficou maluca, de onde tirou isso?”
“ É que você nunca gostou de mim no grosso mesmo do sentimento...”
“ Mas ninguém decide que vai gostar de outro de repente e, simplesmente, começa a gostar!”
“ Ah, mas eu decidi... Ele vai realizar um sonho que tenho comigo: ele disse que vai gostar de mim bem do jeitinho que eu gosto de você. A diferença é que eu sei merecer essas coisas...”

(Marla de Queiroz)

sábado, 27 de novembro de 2010

Outra vez


Ao som de Lady Antebellum (If I Knew Then)


O que eu não consigo tirar da minha cabeça é que você me magoou. É, inclusive você, pra variar, só pra não mudar essa minha rotina de decepções. Essa minha rotina de promessas em endurecer o coração, de querer não ser ingênua e ai levar mais um tapa como punição. Um tapa na cara, desses que deixa vermelho e tudo, como quem diz "Mais uma vez e ainda não aprendeu?".
Daí eu desabafo aqui, porque em outras ocasiões eu ia correndo falar com você, contar com você, absorver um pouco da calma, daquela segurança e paz que você me trazia. E eu ainda não aceito que você também tenha brincado comigo.
Já parti meu coração tantas vezes e por coisas tão pequenas, por coisas que eram momentâneas mas que eu como sempre, inclui muitas expectativas, tanto que começo a pensar se esse seria meu destino, quebrar a cara toda vez e pelo mesmo motivo.
Mas eu não vou te contar isso, nem o outro texto bonito que escrevi pra você, porque no fundo quem cria expectativas demais sou eu, quem se ilude fácil sou eu, então a culpa é mesmo minha e dessa minha ingenuidade que eu tanto odeio.
Eu não quero ser adorada, não quero ser elogiada, nem ouvir que te faço bem. Não se isso for mentira ou se for só pela metade ou só por convêniencia mesmo. Se não for intenso eu não quero. Se houver outro alguém que balance seu coração, alguém por quem você ainda espera, alguém que você ainda goste e não seja eu. Se não for de verdade, eu passo, obrigada.
Então não minta, por favor. Porque eu demorei a acreditar que você realmente gostasse de mim e quando fiz isso, apareceu outro alguém, alguém com quem não posso concorrer - se é que podemos considerar isso uma disputa. Tá mais pra um golpe baixo, desses que dói a ponto de se desejar um murro na boca do estômago ao invés dessa dor chata no peito. Desses que faz a gente querer sumir, pro outro encontrar seu caminho, pro outro se decidir, mesmo torcendo pra que ele quebre a cara e volte como o cão arrependido, torcendo pra que durante esse tempo ela tenha engordado uns vinte e cinco quilos e esteja vivendo como Amélia dedicada aos sete filhos e marido... Mesmo assim, eu desejaria isso do fundo do coração, se significasse a morte definitiva de um fantasma do seu passado, que quando te fez dizer das coisas que ainda sentia e que por todo esse tempo já mereciam estar superadas, matou um pouquinho de tantas coisas lindas que eu via em nós.

Verso de uma noite solitária


♪ "Porque o amor acontece de vez em quando.
Bate na sua porta e lança um sorriso para você,
Te faz respirar , tira qualquer cicatriz,
Fala através da sua alma e canta para o seu coração.
Mas se eu soubesse o que eu sei agora, eu me apaixonaria..."

Lady Antebellum