sexta-feira, 6 de março de 2015

  

    Por onde anda o amor? Aquele que te faz perder o ar, aquele amor avassalador que te dá vontade de largar tudo por causa de alguém? Será que ainda acontece de a gente esbarrar com ele no meio da rua, trocar olhares e dentro de um olhar ele se revelar? Será que ainda existe aquela coisa de cuidado, de carinho e abraço apertado, cafuné e riso? Onde colocaram aquele amor da propaganda da TV? Sumiu? Acabou? Deixaram algum pra mim? Então pra onde mandaram o danado
   Já recebi tantos amores falsificados, outros por engano, alguns eu recebi aos pedaços, mas o amor da encomenda, aquele que eu queria mesmo, não veio. Capaz que foi extraviado porque com a sorte que eu tenho, devem ter mandado o meu pra bem longe. E agora eu reclamo com quem? 
   Vem gente me pedindo pra ter paciência, preencher papéis e mais um bocado de burocracias que dificultam a vida e judiam da minha carência. Então me diz, quando é que vou deixar minha bolsa cair e trocar olhares com o carinha bonito que me ajuda a recolher as coisas espalhadas pelo chão? Quando é que nossas mãos vão se tocar e eu vou ficar com o rosto corado de vergonha pela minha esperteza desengonçada? Dá pra ser como nos filmes? Porque eu queria tanto que fosse assim, inesperado, surpreendente, fofinho...Apesar de nem acreditar que coisas assim aconteçam ainda, mas vai que a gente se esbarra no metrô e ele vem puxar papo comigo? Vai que ele faz o comercial daquele seguro do banco, contando que vale a pena e que fez pra ele e pra família? Se eu perguntar quantos filhos ele tem e receber a resposta de que não sabe porque acabou de conhecer a mãe deles? 
   Podia ser assim, igual o comercial da TV, que quase me faz correr ao banco pra contratar um seguro, e ir de metrô que é pra ver se tenho a sorte de encontrar o futuro pai dos meus filhos por lá. Com aquela magia toda, que você suspira e diz "Ownn" depois de assistir. Com aquela musica que te faz chorar e pedir a Deus que o amor chegue pra você daquele mesmo jeito. Que bate a maior fome e você corre pra atacar o pote de sorvete que tem na geladeira. E eu nem sou muito fã de sorvete, mas queria que fosse assim, porque sou uma criança grande e meus sonhos ainda gritam aqui dentro, pedindo um conto de fadas nessa vida tão cheia de realidade mas tão vazia de cores. Com direito a ser princesa, com direito a beijo e príncipe encantado, mesmo encontrando mais sapos engasgados do que príncipes mesmo, eu até aprendo a adestrar os sapos, desde que seja o amor batendo na minha porta.