sábado, 30 de abril de 2011

E-mail


Na real, por mim eu sairia correndo agora. Mesmo com esse céu querendo desabar um temporal, mesmo eu não correndo bonito porque eu não corro bonito sabe, mas sairia assim mesmo, boba e desembestada pra te encontrar. E te agarrava e te beijava e não te deixava ir embora, porque eu acho que a gente já perdeu tempo demais e nos últimos dias eu ando impaciente. Porque quando me bate uma vontade louca de te abraçar, tem que ser naquela hora. Porque quando me bate aquela vontade louca de sentir sua barba roçando minha pele, eu fico carente que nem uma gatinha querendo se aninhar nesse seu novelo de pelos. Sabe, eu poderia estar fazendo qualquer outra coisa: matando, roubando, me prostituindo... Tá bom, prostituindo não, mas eu aqui escrevendo pro cara que deixa minhas pernas bambas, o único cara que consegue tirar meu fôlego com um beijo que até hoje só foi sonhado. Um dia eu mostro todas essas coisas que escrevi pra você, um dia eu perco meu medo de parecer ridícula e talvez te agarre, talvez eu tire sua roupa ou talvez eu nem faça nada disso. Mas um dia eu vou te olhar nos olhos e dizer que gosto de você desde a unha do dedo mindinho do pé até o último fio de cabelo da sua cabeça, vou dizer que amava seus cachos mas que de cabelo curto e barba você despertou o pior do melhor em mim, se é que me entende claro. Vou te contar que já me fizeram sua caveira milhares de vezes mas que depois de um tempo eu matei o grilo e resolvi tirar a prova por mim mesma. Que eu gosto até das suas olheiras e sei que isso não é uma coisa muito normal de se dizer. E que se você quiser, eu vou mesmo te levar café na cama e me esforçar pra não errar a mão no açúcar outra vez. Um dia eu faço aquele bolo de cenoura com calda de chocolate que eu prometi e que você tanto me cobra, posso até abrir uma fábrica de bolos de cenoura com calda de chocolate. E eu vou te contar de todas as vezes que eu queria muito muito muito falar com você mas não sabia qual desculpa usar, e você vai rir porque todas essas vezes que eu te liguei, o único pretexto era o de que eu só queria ouvir tua voz, o que não deixa de ser verdade. Sem falar do dia que te liguei e estava parecendo uma louca esquizofrênica, você até perguntou se eu tinha fumado maconha e eu me senti uma adolescente boba falando coisas sem sentido tentando te seduzir. É claro que quando desliguei me senti a pessoa mais tosca da face da terra, mas morri de rir, me achei tão insana e louca que fiquei imaginando sua cara se perguntando o que deu em mim pra te ligar aquela hora e ficar rindo sozinha te propondo coisas malucas... Um dia eu vou te dizer que já fugi sim das suas caronas e que você tinha razão, mas porque o medo sempre tomou tanto espaço na minha vida e me tirou tantas chances, que eu tive que me libertar e lidar com ele pra poder dar minha cara a tapa. Na verdade ainda to aprendendo a enfrentar a vida sem tanto medo e paranóia e acho que daqui pra frente, muita coisa do que acontecer pode parecer estranho ou não fazer o menor sentido pra você, mas agora to nem ai, quem paga minhas contas sou eu e to pouco me importando pro que vão achar de nós dois. A gente já perdeu tanto tempo, tantas chances e oportunidades que cada dia eu tenho mais vontade de saber como é a vida quando eu não me protejo tanto dela. E eu vou arriscar, mesmo não sabendo o que pode acontecer semana que vem, tendo em mente que posso me estrepar, que você pode ficar com medo também, apesar de que não seria má ideia se sentíssemos medo juntos. E isso não é um pedido de casamento, namoro ou declaração de amor, porque se fosse, você fugiria mais uma vez... É que atrás de um monitor eu consigo me expressar muito melhor do que na sua frente. Sabe como é, mãos tremulas e aquela gagueira toda... Nunca é como a gente ensaia ou vê nos filmes. Pode ser melhor, pode ser pior. Acho que só depende do que guia nossa vida, medo ou amor. E acredite, não foi fácil enfrentar meus receios pra clicar em "enviar e-mail", mas agora já foi, e assim começa a parte da vida em que eu deixo o amor me guiar.


* Não sei se ele leu, sei que não respondeu. Caso tenha lido, se fez de desentendido muito bem quando me viu. Paciência...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Olha só


Hoje você disse a palavra "concorrente" e eu fiquei sem entender, te olhando curiosa, uma sobrancelha levantada, a outra inclinada e aquele sorriso sem graça de quem diz "como assim?". Você me olhou e confirmou meio que sem querer. "É, o meu concorrente, onde anda?". Eu sorri e juro que não entendi, que concorrência? Eu sequer sabia que você me disputava com alguém, mas continuei rindo, achando tudo uma fofurisse, você sem jeito e eu boba. Foi quando tive certeza sobre sua pontinha de ciúmes que é quase como a fé, aquela do tamanho de um grão de mostarda. Soltou meio desajeitado um "tenho nada contra ele", fazendo aquela cara de tô nem ligando, com os olhos perdidos. Eu sorri de novo porque se falasse qualquer coisa naquela hora, ia dizer que não existe concorrência quando há um favorito e mesmo existindo, só ficaria com o vencedor se fosse você. Daí fiquei calada mesmo, foi o mais conveniente, pra você ter um pouquinho de trabalho. Porque eu sempre fui fácil entende? Quer dizer, pra você eu sempre fui muito fácil, tão à disposição, tão ao seu alcance, correndo pra você sempre que me chamava, morrendo de amores... Até chegar uma hora que a gente aprende se valorizar e eu inventei de fazer isso bem agora, justo quando você está tão facinho, tão disponível e tão querendo quanto eu. E eu sei que você não assume seu ciúme por causa de outro cara, mas não ligo, não pressiono e nem digo nada. Eu aprendi que com você eu preciso ser cautelosa, porque qualquer descuido meu ou atitude encantadora da sua parte, minha vontade vai me trair e eu posso acabar caguetando todas as coisas lindas que eu penso a seu respeito, como sou plena perto de você, e como o seu sorriso é meio infantil e encantador ou como sua gargalhada não reprimida é gostosa de ouvir, e como eu gosto de te ver sorrindo, porque com seu sorriso e mais um punhadinho de sol, tudo sempre fica mais bonito.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Problema


O problema é que eu te amo. E isso dá uma raiva danada porque de tantas outras vezes você me disse que era só uma paixão, coisa que dá e passa. E porque de tantas outras vezes também, eu levei bronca dos amigos por gostar tanto de você. O problema da minha vida é você, só isso. Nem considero o fato do dinheiro que mal dá pra chegar ao fim do mês e a minha conta bancária não sair do vermelho, pelo carro que nunca dirigi e que já está com problemas na marcha, ou até mesmo minha carta de motorista que nem tirei ainda. Isso não é problema, é coisa mínima, pequena, assim que der eu resolvo. Ou mesmo a bagunça do meu quarto que há um mês eu prometo me livrar, jogar as coisas velhas fora, deixar tudo novinho outra vez pra ter mais espaço livre, mesmo não sabendo porque quero mais espaço e com o medo de que seja pra caber mais de você ali. O problema é que alguma parte de mim teima e te quer por perto, mesmo sua presença sendo tão perturbadora e ai, como Martha, eu me sinto 'conflituada'. Nem essa merda de aparelho que estou usando, que não me deixa mastigar e dói igual a mulestia, nem isso me incomoda tanto quanto o fato de ainda ficar boba por causa de você. E você não merece. O problema é que eu te amo e tenho mania de pensar que com você as coisas dariam sempre certo. E me iludir sem querer, querendo. Porque sou boba, você tá cansado de saber disso e se aproveita que eu sei. Você e todo mundo. Até chego a pensar que quando alguém lê qualquer coisa que escrevo e me vê falar sobre você, coloca a mão nos ouvidos, olha pra cima e começa a cantarolar "blá, blá, blá..". E eu entendo a intolerância deles a você, só que ignoro também.
O problema é só esse. Eu ignoro minha necessidade de férias, ignoro a gripe que está me pegando de jeito e esse ar condicionado derrubando ventos gelados sobre minha cabeça. Ignoro os amigos que me apontam seus defeitos, ignoro quem me diz que você não é bonito e que eu merecia coisa melhor. Ignoro meu stress, minha TPM. Ignoro até o fato de conhecer algumas das garotas com quem você já saiu e que eu nem ia com a cara antes mesmo de saber. E ignoro também os caras legais que conheço, que me tratam bem melhor do que você me trata. Só não te ignoro e eu não sei porque. E você fica agindo como se pedisse pra eu te tirar da minha vida, mas depois volta, sempre volta, como se estivesse tudo bem, me pedindo atenção, sugando minha calmaria, implorando que as coisas voltem a ser como antes, querendo ocupar seu território. Daí que eu consigo ignorar isso tudo e te aceitar outra vez.
Eu sei que já escrevi umas mil vezes pedindo pra encontrar um amor, quando preciso mesmo é de outro amor, um amor novinho que não me dê tanta dor de cabeça e todo esse desgaste. Mas não to sendo atendida e sabe-se lá se é porque tenho ignorado que existe amor em mim e que existe você vivendo nesse porãozinho que eu chamo de coração. E agora eu nem tô sabendo como escrever esse fim, mas não tem problema. O problema mesmo é só você, que desde o momento em que entrou na minha vida, não me deu mais descanço, nem paz, nem sossego, nem nada.